BPF - CONTROLE DE PRAGAS

BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO (BPF)

  

Processos e procedimentos corretos a serem seguidos durante a preparação do alimento para prevenir eventual contaminação biológica,química ou física no produto final.

Cada seguimento da indústria alimentícia deve prover as condições necessárias para proteger o alimento.

                       

1-            Controle de pragas:

RIISPOA art. 80.

Os estabelecimentos devem ser mantidos livres de moscas, mosquitos, baratas, ratos, camundongos, quaisquer outros insetos ou animais.

É indispensável na prevenção de toxinfecções alimentares, considerando sua importância na transmissão de microorganismos patogênicos, além de sentimentos de repulsa pela presença destes animais.

Em geral, associa-se a presença de pragas à falta de higiene, o que nem sempre é verdadeiro muitas vezes está relacionado com o desconhecimento das medidas preventivas e corretivas.

A sobrevivência das espécies está calçada em:

Alimento, abrigo e água.

Todas as pragas têm meios biológicos de perceber os alimentos a grandes distâncias. Alguns insetos como formigas e baratas chegam a se utilizar de feromônios para demarcar trilhas ou pontos de abrigo.  Os roedores demarcam trilhas com urina para isolamento de território e segurança ao grupo.

Os insetos podem detectar a presença de calor e luminosidade a grandes distâncias, além de muitas espécies terem desenvolvido um complexo sistema de comunicação sensorial permitindo a fácil localização de fontes de alimentos.

Podem se alojar em tubulações, caixas de gordura, redes de esgoto , atuando como agentes transportadores de microoganismos.

O uso difundido de iluminação de mercúrio é um importante fator de atratividade para os insetos alados.

Os insetos dependem da temperatura ambiental pois são animais poiquilotermos. Procuram ambientes com temperatura em geral de 26ºC.

As pragas são constituidas por uma série de espécie de insetos, mamíferos e aves.

Assim uma solução para um tipo de praga não vai servir para impedir o acesso de outra.

É necessário analisarmos individualmente cada praga, considerando seus hábitos formas de procriação, preferências e tolerâncias para estabelecermos, à partir disto, estratégias que deverão agir preventivamente.

1.1              - Insetos rasteiros:

Assim chamados por passarem a maior parte de suas vidas junto a superfície.

Seu comportamento é esconder e procriar em frestas com pouca ou nenhuma luminosidade dando preferência por locais próximo ou dentro das próprias fontes de alimentos.

Dentro destes estão as baratas e as formigas.

1.1.1 - Baratas:

Duas espécies de baratas são encontradas em nosso ambiente. A Periplaneta americana, de maior tamanho, muito comum em ralos e bueiros e a Blatella germânica, de menor tamanho , encontradas no interior de ladrilhos quebrados, paredes , equipamentos e que são bem mais difíceis de serem eliminadas (se reproduzem mais rapidamente e são de mais difícil acesso para o combate).

Quadro:


PERFIL DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES DE BARATAS:

Espécie Tamanho Coloração Habitat Ovos p/ ooteca Amadurecimento ooteca Vida média das fêmeas

Blatella germânica 1,5 cm Marrom claro Cozinhas,despensas, pias, armários e prateleiras de madeira 30 a 50 28 dias 200 dias

P. americana 5,0 cm Castanho avermelhado Locais quentes e úmidos redes de esgoto, ralos e caixas de gordura 14 a 16 45 dias 440 dias

                                                                                                                                                                 
                        


1.1.2 - Formigas:

Vários trabalhos demonstram que inúmeras formigas carregam bactérias patogênicas.

As formigas urbanas em geral são espécies poligínicas , ou seja , que possuem mais de uma rainha. Quando é utilizado algum inseticida aspergido ou injetado no esconderijo destas formigas, a tendência é a de que elas se repartam em diversas colônias , que vão alojar-se em diferentes pontos do ambiente.

1.2              - Insetos voadores:

Fazem parte vetores de diversas enfermidades como a dengue , febre amarela, malária. Porém as espécies que mais interessam nesta ordem, do ponto de vista do aspecto sanitário dos alimentos, são aquelas conhecidas como moscas sinantrópicas, cujos hábitos alimentares propiciam a transmissão de microorganismos patogênicos ao homem. Das espécies consideradas sinantrópicas , poderíamos destacar as sp Musca doméstica e a Fannia canicularis, as sp da família Calliphoridae (moscas varejeiras) e as da família Psychodidae (moscas de ralos). Estas sp são consideradas como vetores de organismos patogênicos, todas elas têm o hábito de pousar em matéria orgânica que é usada como berço de desenvolvimento e alimentação das larvas . As moscas domésticas e varejeiras são atraídas por odores desprendidos por alimentos que vão ser consumidos.  Assim sendo, estabelecem um padrão de contaminação cruzada em que coletam os microorganismos encontrados em lixo, fezes, sujeira em geral,  e transportam aos alimentos.

Estes insetos costumam ter o corpo coberto de minúsculos pêlos que albergam uma grande quantidade de bactérias. Têm também um aparelho bucal que lhes permite ingerir alimentos líquidos ou moles , nesta ingestão eles fazem regurgitação com grande quantidade de bactérias alojadas no trato digestivo contaminando os alimentos.

O lixo é o maior responsável pela atração e criação de insetos.

O uso de produtos químicos para este controle, significa aplicá-lo com muita frequência já que o ciclo biológico destes não costuma ser intradomiciliarmente. A matéria orgânica em decomposição em geral está nos arredores das fábricas.

1.3 - Roedores:

Os roedores , assim como outras pragas , vêm atrás de alimentos.

Três sp de roedores de interesse sanitário:

Ratazana- Rattus norveticus- esgotos, áreas externas, lixões;

Rato do telhado – Rattus rattus- telhados e forros;

Camundongo- Mus musculus- próximo ao homem, gavetas, despensas;

Todos são potenciais transportadores de doenças: leptospirose e hantavírus são albergadas .

Sinais indicativos da presença de roedores:

Presença de fezes;

Tocas ;

Ninhos;

Trilhas de roedores;

Manchas de gordura nos locais onde passa;

Odor característico de urina;

Presença de ratos vivos ou mortos;

1.4              - Aves urbanas:

Pombos e outros Pássaros são transmissores potenciais de inúmeras doenças ao homem . Esta transmissão se dá quando são aspirados resíduos liberados de excretas destes animais que se acumulam em lugares inacessíveis para a limpeza.

Doenças que podem ser transmitidas por pombos

Criptococose: micose profunda, cujo agente etiológico, Criptococus neoformans, tem afinidade pelo sistema nervoso central. Os sintomas são: febre, tosse, dor torácica, podendo ocorrer também cefaléia, sonolência, rigidez da nuca, acuidade visual diminuída, agitação, confusão mental.	São transmitidas através da inalação de poeira contendo fezes de pombos contaminadas pelos agentes etiológicos
Histoplasmose: micose profunda, cujo agente etiológico, Histoplasma capsulatum, tem afinidade pelo sistema respiratório. Os sintomas que podem ocorrer variam desde uma infecção assintomática até febre, dor torácica, tosse, mal estar geral, debilidade, anemia, etc.	São doenças oportunistas: o indivíduo pode ou não desenvolver a doença, dependendo de seu estado de saúde
Ornitose: doença infecciosa aguda, cujo agente etiológico, Chlamydia psittasi, tem afinidade pelo sistema respiratório superior e inferior. Os sintomas são: febre, cefaléia, mialgia, calafrios, tosse.
Salmonelose: doença infecciosa aguda, cujo agente etiológico, Salmonela typhimurium, tem afinidade pelo sistema digestivo. Alguns dos sintomas são: febre, diarréia, vômitos, dor abdominal.	É transmitida através da ingestão de alimentos contaminados com fezes de pombos contendo o agente etiológico
Dermatites:   são provocadas pela presença de ectoparasitas (ácaros) na pele, provenientes das aves ou de seus ninhos.

CONTROLE DE PRAGAS

Deve-se monitorar diariamente o controle de pragas. Inspecionando os ambientes internos e externos para verificar indícios da presença destes, através de pontos de captura e observação direta em vários pontos, levantar informações e dados a respeito da situação encontrada para a partir desta, tomar as medidas:

- cuidados nas áreas externas; presença de alimento, água , abrigos e focos de reprodução de insetos;

- uso de lâmpadas fluorescentes na parte externa causa a atração de insetos noturnos para as instalações.  Devem ser substituidas pôr luz de sódio;

- eliminação de possíveis pontos de entrada de insetos, tais como : portas , janelas e tubulações;

- proteção das portas e janelas com telas, cortinas de ar , portas com acionamento automático ou seja, utilizar  meios de exclusão;

- utilização de dispositivos de captura de roedores no interior da fábrica e na área externa;

- utilização de armadilhas naturais em pontos estratégicos (o mais longe possível da fábrica) para controle de moscas;

- monitorar dejetos orgânicos nos arredores da fábrica;

- vedar possíveis pontos de entrada para pássaros;

- apresentar o controle dos produtos químicos utilizados e autorização de uso dos produtos;

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